Editorial
Jeitinho Fifa
Não é de hoje que a Fifa, entidade máxima do futebol mundial, busca maneiras para tentar agradar o máximo de países (federações) possível. Tudo para se perpetuar no poder. Depois de aumentar em 50% o número de participantes na fase decisiva da sua principal competição, a Fifa resolveu aumentar também os locais de disputa. Em 2030, a Copa será disputada em três continentes e seis países.
Se voltarmos nove anos no tempo, vamos lembrar da Copa do Mundo de 2014, disputada no Brasil. Por iniciativa do governo brasileiro, optou-se por espalhar as sedes por todas as regiões do País, numa tentativa de agradar quase todo mundo. Para tanto foram construídos estádios em Manaus e Natal, por exemplo, onde viraram verdadeiros elefantes brancos. A exceção entre é Cuiabá, graças ao time de mesmo nome que atualmente disputa a Série A do Campeonato Brasileiro.
A Fifa gostou da ideia de agradar cada vez mais pessoas e preparou duas novidades para a Copa do Mundo de 2026. Além de aumentar o número de seleções classificadas para a fase final de 32 para 48, também optou por espalhar a competição por toda a América do Norte. Assim, o Mundial será pela primeira vez disputado em três países: Canadá, Estados Unidos e México.
Mas a mais complexa - e porque não estranha - decisão da entidade foi tomada na última semana, quando foi definido onde será disputada a edição centenária da Copa do Mundo, em 2030. Por ter sido sede justamente da primeira edição, em 1930, o Uruguai se uniu aos vizinhos Argentina, Chile e Paraguai para trazer o Mundial de volta às suas origens. A Fifa, porém, tinha outros planos. Os sul-americanos enfrentariam, em votação, a candidatura tripla de Espanha, Portugal e Marrocos, com favoritismo total para os países europeus e africano.
E foi aí que a tentativa de agradar o maior número de pessoas possível entrou em ação. A Fifa optou pela candidatura mais rica, que também significa colocar a Copa do Mundo de volta a Europa (não ocorre no velho continente desde 2018, na Rússia) e também contempla os africanos, sem mundial desde 2010. Mas a cereja do bolo do ainda estava por vir. Em uma iniciativa sem precedentes, a entidade decidiu que Uruguai, Argentina e Paraguai - não se sabe por que o Chile ficou de fora - vão receber os primeiros jogos da Copa. E assim teremos um Mundial disputado em seis países e três continentes.
Então é desta forma, com esse já consagrado ‘jeitinho Fifa’, que os cartolas da entidade vão agradando o maior número de federações possível e, com isso, se perpetuando nos cargos por mais tempo.
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